August 30, 2002

mundo pequeno

Eu aqui na Califórnia e o João António lá em Campinas. E de repente um encontrão!! Ops! Tudo culpa da Meguita, claro!! Hohoho!

Mas não é o benedito, que o João e eu somos quase vizinhos na nossa caipirescência? Eu, orgulhosa Itarareense e ele, um itapevense porreta!

Nascemos ali vizinhos! E nos encontramos quase que por acaso, assim......

Bom, o que o João diz das cidades eu não me recordo, porque saí de Itararé com doze anos e só guardei as lembranças dos rios, das casas, das brincadeiras, o pavor que eu tinha da Barreira. Mas lembro de Itapeva ser cheia de si, por ter uma Universidade ou alguma coisa similar, por lá. O "Primeirão" de que o João fala deve ser o clube da cidade [Primeiro de Maio?], onde eu pulava, desajeitadamente, meus carnavais de infância!

João António , você vai me desculpar o mal jeito, mas vou trazer seu comentário pra cá, tá? Assim outras pessoas poderão ler.

"Fezoca, Putz, que coisa. Você tem familia aqui em Campinas e é de Itararé, que fica a 60 km de minha velha Pedra Chata. E você é da terra que teve a sorte de não ter sediado a famigerada batalha que não houve, fato que Apáricio Torelli muito bem se aproveitou para botar seu apelido. Também me lembro que é desta cidade a dupl a AS IRMÃS PAGÃS, que nos anos 30/40 eram vedetes da nossa música. A dupla se desfez e a Rosina continou cantando e a Elvira caiu na gandaia, e virou vedete, chegando a fazer muitas chanchadas.A Meg pode me ajudar a lembrar quais filmes a Elivira fez?Pois é, Itararé também é terra do maestro e arranjador Lyndolplho Gaya, que eu gosto pra dedéu. E agora descubro que a Fezoca também é de lá. Sabes que ha uma rivalidade muito grande entre as cidades né, e me lembro que na minha juventude íamos aos bailes do Primeirão, pra namorar as garotas(que as meninas de Itararé sempre foram mais soltas e mais bacanas), e sempre que saíamos corridos de lá, com os Itarareenses atrás, pra nos bater. Era engraçado .Foi lá que tive a única vontade de me matar na vida, quando num baile , nos tempos da discoteque, tive vontade de pular sobre o mezanino do Primeirão.Queria pular em cima da pista. Acho que devia ter tomado alguma bebida. Um beijõão "

Mas esse não é mesmo um mundo danado de pequeno, gente???!!!

Fer Guimaraes Rosa - August 30, 2002 2:01 PM

M U R O

“Fazendo moldes de meu
rosto e corpo, dou a mim
mesmo a oportunidade de
ver esse EU deixar a prisão”

(Marc Quinn)

Para o Mestre Cristóvam Buarque

-Nós mesmos construímos os nossos próprios MUROS. Grandiosos, bonitos, com grifes, cheios de pompas, com variados enfeites chamativos. Somos reféns do nosso ego doentio, da vaidade boba, do domínio insano. Posses, status, comodidade. Como os animais silvestres da natureza-mãe que, em jaulas falsamente se sentem seguros, não precisam mais exercitar a caça nem o extrativismo da cadeia alimentar, e assim, com rações equilibradas amordaçam sentimentos, deletam sensibilidades, se acomodam e, pior: perdem o sentido do olfato, da visão, da criatividade espiritual até, do equilíbrio... e da sobrevivência pura e essencial.

-Nós construímos nossos próprios muros. Posses às vezes são algemas circunstanciais, diplomas podem ser cadeados sem chaves, estabilidades econômicas custam caro e nos dão a viseira burra do mal-feito que achamos perfeito e acabado. A paz do NADA. A franquia do inócuo. A reprodução do sistema – e das injustiças amorais do sistema. A tranqüilidade para o enfarte. O comodismo da neurose. A segurança dúbia que interiormente nos trama o aneurisma, a esclerose, o esquecimento, a insanidade...a decadência total.

-Nós construímos nossos próprios muros. O controle remoto da solidão-cangalha, o cartão de crédito da gastrite crônica, a senha dos calmantes com efeitos colaterais, as câmeras de segurança ilegais e o código da sobrevivência trivial entre amebas de colarinho sujo que se fazem de PHDeuses, mas, na verdade também são do mesmo covil viciado, e estão sempre na mesmice ajeitada por dólmãs-de-tala que cortam jacintos da alma humana - que já nem mais respira luz, mas submerge num esoterismo tantã entrelameado de sargaços.

-Nós construímos nossos próprios muros. A mediocridade godê. O talismã da mentira. A jaula secreta do Lexotam, a overdose midiática de zeros à esquerda. O papo aranha sobre nadas e ninguéns, a novelinha chula e suja, o sexismo enrustido, o cheque ouro do banco ladrão, e o avant-premiére do chiste ridículo, boçal, mais o conjunto de tiques nervosos sublimando psicoses e surtos de egocentrismos verbais.

-Nós construímos nossos próprios muros. As parábolas financeiras dos crimes organizados (tachados suspeitamente de lei de mercado, oferta e procura e outros engodos históricos.) As paródias sociais nas rodas de fofocas e clínicas de recuperação de um Deus para todos os gostos (rasos, reles), os grã-finos com lepra nodal, a perda do senso de responsabilidade e da noção do ridículo. Somos mesmo, como diz a balada antiga do Raulzito, “metamorfoses ambulantes” com etiquetas transgênicas e variados abismos transversais.

-Nós construímos nossos próprios muros. A amante crisálida. A droga disfarçada de remédio. A fuga pervertida para o labirinto baixo do entretenimento decadente; o pedido de socorro aos neuras - em livrecos de auto-ajuda escritos por sapos chulés. Somos o cavalo da passeata, abanando o rabo garboso para as aparências que enganam, feito manés em campos de joio com corvos e totens...

-Nós construímos nossos próprios muros. Beijamos a mão da Síndica, pedimos perdão ao São Guarda Noturno, ajoelhamos para terreiros de lazarentos, oramos pro FMI e seu roubismo etiquetado por agiotas internacionais, e ainda fazemos promessas para engodos de percursos revisitados, açodados que somos pela consciência pesada... Quem nos salvará de nós, ou de sermos iguais à maioria de jecas tatus, feito gado vacum no curral das mediocridades? Ou somos galinhas...que ciscam aparências rastaquaras, retrógradas? Perdemos a vergonha...

-Nós construímos nossos próprios muros. E um deles é epidérmico, outro é neural, e em todos nos acomodamos fáceis e manietados por simplismos de ocasião. Um muro é sócio-econômico, pois a inflação é um embuste. A América Bush-Cloaca é um blefe. O Brasil é um cassino de cartas marcadas, em jogos de azar, bancados pelo capitalhordismo americanalhado de máfias e quadrilhas, entre abutres que se valem de falsos papéis de mercado (neoliberalismo globalizando a miséria) entre moedas podres na redoma de cartéis e oligarquias...

-Nós construímos os muros.

.............................................................................................................................

-Isso é uma gravação. Cópia dessa mensagem será deixada na cápsula fotonutriente (de gás elano - de uma nave ultragalaxial a ser lançada - para uma viagem até o final do século trinta, provando a existência de água e vida animal na terra.)


-Antes que venham os humanóides primitivos, e junto com eles os silvícolas (os outros) com seus escravos tribais, e cruzem de novo uma nova (outra) tentativa – o recomeço! o recomeço! - visando um novo céu e uma nova água, fonte de toda vida. Fonte de TODA VIDA e de todo câncer da vida: nosotros, nós mesmos, os muristas, os construtores do muro nosso de cada dia, a partir da descoberta do fogo, da invenção da roda, do limbo do lucro-fóssil, da escrita cuneiforme...
(END)
-0-


Poeta Prof. Silas Corrêa Leite
Texto da Série “Vida, Civilização, Ensaios e Bravatas”
Site pessoal: www.itarare.com.br/silas.htm
E-mail: poesilas@terra.com.br
Romance virtual (e-book) ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS no site
www.hotbook.com.br/rom01scl.htm


Vejam,e-book de sucesso (de autor de Itararé-SP) chamado O Rei da Internet
www.hotbook.com.br/rom1scl.htm

Como estou à frente do projeto multimídia MEMORIAL MESTRO GAYA, descobri voces nas minhas pesquisas. Sou primo do "Dudu"-apelido familiar do maestro- moro no Rio de Janeiro e Graças a Deus o sonho acalentado há muitos anos começa a ganhar forma. Se quizerem mais informações ou até colaborarem no resgate, divulgação e preservação da memória do mais ilustre itararéense me retornem.
GAIA

Fezoca
Quando morei em Itararé me lembro de ter conhecido um pinto, da familia Gaya, que me falou do Juarez Machado. Foi uma descoberta pra toda vida, desde este timpo sou fã dele.Que agora nem é mais cartunista nonsense e virou pintor, e mora em Paris. este sujeito também me falou do maestro Gaya, que nasceu em Itararé e viveu por longo tempo no Rio, onde arranjou e orquestrou os mais belos discos de nossa MPB: Paulinho da Viola, Nara Leão, Sergio Ricardo e Mário Reis.Morreu esquecido, com um relés obituário.Precisa ser biografado e relembrado. Ei Meg! Ei Nana! A lista de vocês precisa trazer à baila o maestro Gaya.
Um beijoão

Fezoca
Morei por algum tempo em Itararé, lá pelo começo dos anos 70, época em que peguei no pesado. Era peão mesmo, de enxada em punho, a cata de grama pra plantar nas beiras das pistas, depois do acostamento.Meu pai dirigia uma firma que plantava gramas nos acostamentos e trevos.Fomos nós que plantamos nos trevos e na entrada da cidade de Itararé.Me divertia com o trabalho e fica a cata de ninhos de passarinhos, para observar os pássaros no seu dia-à-dia . No final do dia voltava correndo pro barraco, pra comer um belo macarrão com pimentão e tomate.Hoje não posso mais com pimentão, ´me é indigesto. Fazer o quê...Me lembro da entrada da cidade, onde havia uma espécie de Pedreira ou britadeira. Havia uma fazenda ali em que frequentava para paqueras as meninas da minha idade, tinha uns 17 anos, na flor da idade, como se diz.Itapeva naquele tempo ainda era dinamica, mas já estava sendo passada pra trás por Itapeva. Diga-se que Itararé sempre foi mais avançada que a minha cidade, e que depois dos anos 60 ficou pra tráz. Sei lá qual foi o motivo, o fato é que Itapeva teve um bom prefeito nessa época, que coi o Shimitão, que deu um bom salto com a cidade. Passei há pouco por Itararé e vi que a cidade anda triste.Ora, nossa concorrente não pode ficar acabrunhada. Nós gostamos de brigar em pé de igualdade.Não vale bater em mais fracos. Até os anos 70 Itararé era a única cidade da região a levar o Roberto Carlos. Hoje, bem , hoje Itararé infelizmente não anda bem.Mas nós queremos Itararé forte, pra dar uma boa briga. Um beijoão

Fezoca
Sou tão ignorante nesta engenhoca que passei umas 4 horas tentando mandar alguns apontamentos ou memórias minhas sobre nossa região.Perdi tudo. Nem salvei.Mas peço desculpa por não atender, o que na verdade fiz, mas que pala minha burrice foi perdida.Mas aos poucos vou te passando minhas lembranças daquela região tão perdida no tempo e no espaço.
um beijoão

Fezoca
Este mundo é mesmo muito pequeno né.Ou como diria minha av´, ou´Érico Veríssimo em seus livros, este mundo é sem porteiras.Tanto é que estás nos EUA, a salvo desta confusão que é este Bananão. Acho que eu fico com a frase "Este mundo é um pandeiro", que deu titulo a uma das célebres chanchadas brasileiras. Mas como se diz, existe um ponto de contato entre as pessoas, é só procurar que se acha.
Um beijoão

teste