May 26, 2004

era a minha cidade

Caía uma chuvarada à noite e meu pai chamou um rádio-taxi para me levar até a casa da minha sogra. Os carros estavam presos na garagem, que está ganhando um portão eletrônico. Não consigo nem me lembrar da última vez que andei de taxi.

- eu vou na rua Júlio de Mesquita seiscentos e trinta e seis.
- antes ou depois do Centro de Convivência?
- acho que depois, na frente do hospital Irmãos Penteado
- mais pro lado do City Bar?
- acho que sim.

Tentei dar uma de entendida das ruas e locais, pra não dar bandeira do meu total esquecimento sobre Campinas. E não quis dizer que não era da cidade. A conversa foi ficando mais intricada.

- como chove hein? nessa época não é normal chover tanto...
- está tudo de cabeca para baixo, se eu pudesse eu me mandava de Campinas, iria morar no interior de Minas. Campinas está me dando nojo...
- é, está tudo bem diferente mesmo.
- Campinas não é mais dos campineiros... o centro está um nojo, cheio de camelôs.
- é, está mesmo, que coisa né?
- eu não mudo porque meus filhos de 19 e 22 anos não iriam comigo e a mulher, você sabe, sem os filhos não vai...
- é, na década de oitenta eu fazia compras na General Osório e Coronel Quirino, nas boutiques bacanas... e hoje, que decadência hein?
- nem fale! Essa cidade está mesmo um nojo!

O que me salvou de não dar uma bandeirosa de que não moro mais em Campinas, muito menos no Brasil, foi a tour eu tinha feito com a minha mãe pelo centrão de Campinas naquela tarde. Fomos ao Mercadão e depois caminhamos por parte do centro, antes tão bacana e estiloso, e por ruas onde eu costumava caminhar animadamente aos sábados, olhando vitrines, fazendo planos de comprar isso ou aquilo. Vi o finado Cine Windsor, o Largo do Rosário, onde meu avô teve uma charutaria na década de vinte, os Giovanettis I e II, que eu frequentava com meus amigos e com os amigos do Uriel. Vi até o restaurante natural onde eu almocava com o Gabriel, que virou um bingo [aliás, que surpresa: os bingos são iguaizinhos aos cassinos, vistos de fora!]. Também vi muitas lojas e galerias tristemente decadentes, embora alguns lugares continuem iguais, como o Papai Salim, onde eu e minha mãe - caras-de-pau - fizemos uma encomenda pra delivery de duas esfirras e dois quibes!

Campinas mudou e eu, que saí daqui em 1987, não tenho mais aquela intimidade com a cidade. Embora até que me saia bem fingindo que sei de tudo, pra poder manter a conversinha com o motorista do taxi.

Fer Guimaraes Rosa - May 26, 2004 7:51 AM

Volta-e-meia-e-volta eu leio os teus textos, se tens ou não parentesco de sangue com o Guimarãesão não sei (ou não me lembro, droga de idade que chega), mas, parentesco de bem-escrever, deste não tenho a menor dúvida. Que bom te ler!

Gil

Ih Fe, quando ia à São Paulo com freqüência, tinha tudo na ponta da língua para não parecer turista também. Minha cor branca azeda ajudava :o*. Os motoristas nem desconfiavam que eu fosse carioca. hehehe

beijocassssss

A "bandeira " em si não teria problema, problema é se o motorista for ischperto e vendo que vc não conhece, começar a dar voltas. Mas eu, se não conheço, digo logo (deve ser comportamento contrafóbico) ;-) bjks

Fer, so você. Você é mesmo show de bola, por quanto tempo voce vai ficar ai????

e a natação?????agora se ta dano uma descansada geral, oh!minha atleta corre pra suas raias, aquela piscina não é nada sem você.

beijos

Fer, so você. Você é mesmo show de bola, por quanto tempo voce vai ficar ai????

e a natação?????agora se ta dano uma descansada geral, oh!minha atleta corre pra suas raias, aquela piscina não é nada sem você.

beijos

Oi Fer,
que legal você aqui no Brasil.
Imagino, tantas mudanças, mas e aí? Você veio com toda a família?
Beijos

Oi Fernanda,
está sendo gostoso rever Campinas pelos seus olhos. Também morei aí por 13 anos. Não tenho conseguido postar, mas continuo por aí com minhas visitinhas. Abraço,

Eu não acredito!!!!! Vc no Brasil????? Eu achava que isso nunca aconteceria pelo seu jeito um pouco tartaruga, gosta de estar em sua casa. Nossa, que pena vc não estar no Rio de Janeiro. Se quiser dar um alô me avise nos comments.

Fer...

Tô me sentindo meio mals...
Você tá aqui, tão pertinho!
Semana passada eu estava ai ao lado no Hotel Nacional Inn naquele tevo na entrada da cidade!
Foi um Fórum que organizei para empresa,bem isso não tem importância.
Tô mals porque há tanto tempo não te visitava que nem sabia que você vinha para cá.
Tá pertinho,né moça?
Beijo, Fer!

Coimbra? Tens de vir a Lisboa também :)

Ai, Fer.
Foi essa a sensação - dadas as diferenças óbvias - que eu tive na minha última viagem a Recife. E olha que eram dois,três anos sem botar os pés lá. Na rua da casa da minha mãe abriu um Habib´s, um Bob´s e um CINEMA. Quase tive um ataque estilo pato donald de raiva. Poxa, esperaram eu me mudar para abrir um cinema? Maldade!
Doeu ver lugares que eu gostava fechados ou mudados. Como o restaurante japonês que eu gostava tanto de ir porque seu Norio fazia massagem nos pés da gente no fim do almoço.

E o corvo disse, nunca mais.

:(