December 21, 2004

Alice Doesn't Live Here Anymore

A pior parte do meu trabalhinho voluntário na International House é atender o telefone. Eu detesto falar com gente que eu não conheço, que deseja falar com o fulano ou beltrano ou que quer deixar recado ou fazer perguntas. Detesto!

Essa minha repulsa teria explicação numa saia justa traumática pela qual eu passei na minha primeira semana vivendo fora do Brasil. Teimosa como uma mula, mesmo já sabendo que iria viver quatro anos num país estrangeiro, boicoitei todas as minhas oportunidades de aprender a língua inglesa. Cheguei no Canadá com o parco inglês que aprendi à força no colegial e tive que me virar, já que a única pessoa que poderia me ajudar imergiu num programa de estudos pesadíssimo de doutorado.

Não tínhamos ainda nem móveis na nossa nova casa canadense quando numa bela tarde de final de verão o telefone tocou.... E eu atendi.... Até hoje não sei o que me motivou a fazer essa burrada. Eu não entendia nada que a pessoa do outro lado da linha falava e, ainda pior, não sabia nem articular uma resposta intelígivel, por causa do meu vocabulário ridículamente escasso. Depois de uns minutos de conversa totalmente nonsense, eu consegui entender que o cara queria falar com a pessoa que estava morando no nosso apartamento antes de nós. Eu não sabia o novo telefone dele, nem onde ele estava morando, se era em outra cidade, outra província ou outro país, mas tinha certeza - pelo menos essa certeza - de que ele NÃO morava mais ali! E como dizer isso pro telefonante?

Nada como ter boa memória cinematográfica! No meio da suadeira e nervosismo, o nome do adorável filme Alice Doesn't Live Here Anymore do Martin Scorsese me veio à cabeça. Pelo menos eu sabia o que essa frase queria dizer, mais ou menos! E mandei bala:

- He Doesn't Live Here Anymore! He Doesn't Live Here Anymore!

Salvou a patria! Depois disso, fiquei muito tempo pulando de susto quando o telefone tocava e até hoje não curto conversar com gente que eu não conheço.

Fer Guimaraes Rosa - December 21, 2004 2:03 PM

tambem detesto, fer! e imagina aqui para entender os sotaques (mil diferentes sotaques) e os nomes das pessoas! uma loucura, tudo impronunciavel mesmo quando estamos lendo, imagina para entender ao telefone?
beijo,

ho ho ho, Ana! cada uma, hein? Um super Feliz Natal pra voce e toda a sua familia! beijos,

òtimo isso! Eu lembro sempre de trechos de músicas, pq praticamente aprendí o inglês que sei ouvindo beatles e cia. Então no meio de uma conversa solto uma frasezinha manjada, tipo "let it be..." ou "by the way, I´m trying...".

Na minha primeira viagem aos EUA um cara foi fazer o pedido na lanchonete:
"Men, please, one cheeseburger, coke and french fries no ice please." Aí virou pra mim e perguntou "french é batata em inglês?"
Pode??

Beijo e tudo de bom nesse finalzinho de 2004 e no ano que está chegando!!

Lu, eu sou sempre assim.... :-)

Fred, sensacional essa da sua mae!! :-)

Silvia, isso eh normal... :-) eu teria feito a mesma coisa!

Carla, agora ate eu dou risada, mas na hora.. uff! :-)

beijao!

Hahaha! Me diverti muito com essa... e com o comentario do Fred tambem.

Hohoho, essa foi ótima!
Quando minha irmã estava morando em Londres, um dia eu liguei pra ela em um horário que eu tinha realmente "certeza" de que ela estaria na casa em que estava hospedada, e preparei toda a frase pra pedir, muito educadamente, pra chamá-la. E não é que o dono da casa atende e a maldita não estava? Eu não sabia o que dizer, me deu um branco total, portanto desliguei o telefone na cara do coitado...

Hahahahaha, ótima sacada! Lembrei de uma história da minha mãe, sozinha num hotel aí nos EUA, sem saber uma palavra de inglês, e com fome. Pegou o telefone e discou zero pra recepcionista atender - até aí, tudo bem. O problema foi quando a recepcionista começou a falar; mamãe se lembrou que não entendia nada, e bradou: "pizza, cheese, small". E desligou o telefone.

Em 15 minutos, a pizza chegou. Hehehehehehe.

Ih, Fe, pra mim isso varia de dia pra dia. tem dias em que tenho horror de falar com estranhos ao telefone, em outros falo como se conhecesse há anos. Acho que não bato lá muito bem! hohoho

beijoca