August 31, 2006

o longo dia da semana sem fim do mês que não acaba

Não sei o que fazer. Quando eu pedalo minha bike ela faz um barulho - peléctelecpetecpeléctelecpetecpeléctelecpetec - as pessoas estão notando. Eu não consigo ver o que é que está pegando e meu consertador de bicicletas está viajando. Quatro vezes por dia eu vou, eu volto, eu vou, eu volto, e o barulhinho chato firme -peléctelecpetecpeléctelecpetecpeléctelecpetec - está ficando constrangedor.

Fevereiro e agosto são normalmente os meses mais longos do ano. Neste ano janeiro bateu o recorde da lerdeza e este agosto já está desbotado de tão gasto, não aguento mais nem olhar. Mas hoje acaba, graçasdeus. Espero que com ele acabe também a novela infâme do meu verão.

Sou uma pessoa esganada, gulosa, olho maior que a boca, como dizia a minha mãe. Compro tudo o que vejo e que parece bom e interessante. Podem chamar isso de experimentalismo.

Uma coisa que me dava nos nervos era quando eu via o Gabriel se rebolando e se contorcendo todo, dizia vai fazer xixi guri, e ouvia como resposta um não tô com vontade. Agora faço uma coisa parecida, deixando a ida ao banheiro para o último segundo e depois me desabalo campus afora, em total desconforto e desespero.

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August 29, 2006

as oito verdades

A querida Yara me jogou a peteca, então aqui estão as oito mais importantes verdades sobre mim:

ichi - sou preguiçosa
ni - sou fiel
san - sou gentil
si - sou distraída
go - sou preocupada
roku - sou vaidosa
sichi - sou chorona
hachi - sou dedicada

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August 28, 2006

Um grave problema com nomes

Aqui eu ainda tenho uma desculpa para os meus embananamentos com nomes. Não é fácil colocar todos os jotas com os agás, tês com esses, os dáblius com ipisilones e ter sempre os Jim, Janet, Dave, Mitch, Susan, Steve, Marylou, Jon, Judith, Carl, Pete ou Martin na ponta da língua. Mas quando o problema já é recorrente, até na língua mãe, há de se convir de que o caso é mesmo perdido.

A Dona Lucy costurava pra mim nos anos que morei em Piracicaba. Ela tinha uma paciência de jó, era um doce de pessoa, sempre muito educada e gentil. Eu levava meus panos e minhas idéias malucas pra ela, que coçava o queixo, ficava com uma cara de quem estava prestes a afundar num poço de areia movediça, mas sempre respirava fundo seguia em frente com coragem e determinação e fazia tudo o que eu pedia, por mais esdruxúlo que fosse o pedido - e eles sempre eram. Eu adorava a Dona Lucy com seu jeitão simpático. Fui fregueza dela por anos, sempre falando Dona Lucy, Dona Lucy, levei até a minha mãe e irmã lá, que vinham de Campinas trazendo os panos para a Dona Lucy transformar em lindas roupas. Eu já estava de mudança, cascando fora de Pira e do Brasil, quando descobri que o nome da Dona Lucy não era Lucy... Era um nome totalmente diferente. E eu nunca entendi como foi que comecei a chamá-la de Lucy, nem por que, e à aquela altura do campeonato nem adiantava mais tentar remendar. Fui me despedir da Dona Lucy, chamado ela de Lucy, um equívoco que ela nunca, nunca, nunca contestou.

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August 27, 2006

elas trazem cores e alegria

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E vieram do mercado.

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August 25, 2006

Um dia perfeito

Um dia em que se pode caminhar pelo campus da universidade para esticar as pernocas, às três da tarde, sem suar, vestindo camiseta, calça jeans e tênis. Um dia que começou com doze graus e não vai passar dos trinta. Um dia pra se deixar as janelas da casa abertas. Um dia para sentar no banco da praça e lamber um sorvetão ou beber vinho nas mesinhas da calçada de um restaurante. Sem falar que é um dia sexta-feira!

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August 24, 2006

Vamos esclarecer isso muito bem esclarecido

Não é que ela não goste de você. Não é nada disso! Mas bem que ela preferiria que você fosse mais mal vestida, tivesse um cabelo mais desgrenhado, não tivesse um bom emprego, não escrevesse muito bem, não tivesse todas aquelas habilidades, não tivesse chegado primeiro, não pudesse contar com alguém, não opinasse, não se sobressaisse, não contasse, não aparecesse, não existisse.

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August 21, 2006

O que você está fazendo agora?

Ando me sentindo desgastada com um monte de coisas. Uma delas são as notícias. Leio chamadas pelo feedreader, mais por hábito do que por real interesse. Quase tudo me cansa, me chateia, me angustia, me deprime. O que sobra me faz rir. Talvez seja por isso que eu ainda insista. Veja se é possível não soltar uma gargalhada lendo uma chamada como esta - Fábio Junior paquera Ivete Sangalo em Barretos. Fábio Junior, Paquera, em Barretos. E quem é Ivete mesmo?

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August 20, 2006

flores e frutas do mercado

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o trem das oito e meia já passou

Eu só quero falar de filmes e comida. Outro dia encontrei um cara, um professor, e no meio da conversa puxei um exemplo de filme - sabe como, igual acontece naquele filme? Ele fez uma cara de ué. Claro que não sabia. Eu assumo que todo mundo viu os filmes que eu vi, portanto posso incluí-los nos exemplos pra conversas. Vai, minha filha, vai ser Seymour na vida...

Fico cansada do final de semana. Sábado à noite, sete horas pra ser exata, eu queria cama. Tenho saudades nas nossas pequenas viagens de carro.

Se eu não escrever mais frequentemente, este ano vai ser o mais escasso de todos os que este blog já registrou.

Vou te falar, adote um gato ou um cachorro dos abrigos, das associações protetoras, esses que foram abandonados, que sofreram, passaram fome, precisam de um lar. Não compre um animal que nasceu pra ser vendido.

Fui comprar uns ingredientes na lojinha internacional e uma senhorazinha que parecia saída de um livro - ou de um filme - puxou assunto comigo. Ela queria saber o que eu iria fazer com o xarope de romã e perguntou se eu frequentava a International House e se eu conhecia a fulana e a beltrana, e eu respondi que sim, claro que conhecia. Ficamos conversando, eu toda de preto e curvada, ela bem pequena e vestida de azul pastel, sorrindo. Saí da loja tão feliz, como se tivesse reencontrado uma velha conhecida.

Eu adoro caminhar em downtown no sábado pela manhã, entrar nas lojas, olhar, sair. Depois ir ao Farmers Market, comprar tudo o que eu gosto, voltar carregada com sacolas de frutas, flores, um sacão de pipoca e chupando um picolé de limão com abacate.

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August 16, 2006

cause the whole world loves it

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The Dirty Dozen Brass Band veio de New Orleans para tocar uma mistura de jazz, funk, rhythm and blues e reggae no gramado do Quad na UC Davis. O show foi até tardão e o povo dançou a beça. Eu sinceramente não prestei muita atenção nas músicas, pois estava mais entretida bebendo sangria, comendo brownies e conversando animadamente com as minhas amigas. Esse foi o último evento de verão promovido pelo Mondavi Center. Agora só no ano que vem.

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August 13, 2006

quem não pode se sacode

Na piscina da UC Davis pela manhã, alguns americanos e americanas de vinte e poucos anos vestindo maiôzões e calçolões, essa tal brasileira quarentona de biquini, um francês quarentão de mini-sunga.

Ladies and gentlemen, todos sabem que mini-sungas não são pra qualquer um. Mini-sungas são só pra quem pode. E aquele francês certamente estava com tudo e não estava prosa. O cara PODIA!

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August 12, 2006

Bom dia!

Eu não me importo de acordar cedo no final de semana. O dia fica mais longo, dá pra fazer mais coisas. Saio da cama e vou ao banheiro acmpanhada de dois gatos, um ronronando exageradamente e o outro fazendo estripulias, dando pinotes e botes. Preparo meu café com leite, croissant com geléia, dou comida para os esfomeados. Abro o mailbox e tem mensagem do Moa. Ôba! Abro as janelas e sinto o ar gelado entrando, uma coisa refrigerante. Enquanto tomo o meu café ouço e vejo, entre os ramos das roseiras, o movimento na minha rua. O vizinho saindo com as crianças, uma chora, ele diz chega, vamos nos atrasar. O movimento é de gente indo e vindo do Arboretum. Pessoas caminhando, com cachorros, com fones de ouvido, ouço os passinhos. Também bicicletas, lá no fundo passa o trem de passageiros indo para San Francisco. Minha rua é fechada, num círculo, não é uma rua comum, nem movimentada. Mas eu gosto de olhar o que acontece lá fora, de sentir o ar gelado da manhã, apartar o Roux perseguindo o Misty, ler mensagens de gente querida no meu inbox, pensar e planejar o meu dia, que mal começou, mas com certeza vai ser bem animado e ocupado.

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August 11, 2006

tome jeito, menina!

Fui nadar, e enquanto nadava um pensamento pentelho insistia em me atormentar. De repente, o grilo falante berrou - cala a boca! E eu fiz uma proposta pra mim mesma. Toda vez que um pensamento pentelho brotar, vou pulveriza-lo com imagens mentais de rostos de gente bacana e querida.

Enquanto jantávamos fui contando o meu dia para ele. Primeiro falei da conversa sobre dentes, depois da minha reunião semanal com a minha chefe, e o que estou fazendo no trabalho. Quando terminei, disse - pronto, essa é a minha vida! E ele - mas a sua vida não é só isso. E eu - tem razão, minha vida é também meu marido, meu filho, minha família distante, minha casa, meus gatos.

Abro uma revista com uma foto de uma salinha de jantar, e lembro dela. Vou às compras, e lembro dela. Espirro perfume pela sala, e lembro dela. Abro minhas caixas de colares, e lembro dela. Ela, infelizmente, não está mais conosco. Mas está no meu coração e no meu pensamento, dia após dia.

Se voce ver uma descabelada pedalando corcunda com um vestido xadrez esvoaçante, essa sou eu. Desde a minha adolescência - ou seria infância - que eu não possuia ou usava um vestido xadrez.

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August 9, 2006

Vi a lua no céu

Acordei pra fazer xixi às duas da manhã. Vou para o banheiro no escuro, de olhos meio fechados, não quero sair daquele estado alfa, senão é um tormento voltar a dormir. Mas uma luz brilhante atravessando a cortininha da janela do banheiro fez um desenho no meu braço. De olhos entreabertos puxei a cortina e vi a lua. Ela não estava grande, como aquelas de quarto cheíssima. Estava pequena, redonda, mas poderosa. A luz era muito branca e forte. Voltei pro quarto e então percebi a iluminação da lua na rua através das janelas abertas. Bem impressionante, tanto que invés de voltar a dormir, anotei todas essas palavras que estou usando agora, no meu caderninho mental.

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Como broxar uma conversa

I. Você está contando um causo para uma pessoa e ela está espremendo a boca num bico, tentando segurar sem sucesso inúmeros bocejinhos. Na primeira vez você pensa, vai ver a pessoa não dormiu direito. Mas daí você percebe que o ataque de bocejinhos acontece sempre que você está contando um causo. Nunca acontece quando a conversa muda de lado, e a pessoa começa a contar o causo dela. Broxante.

II. A pessoa te pergunta como vai isso ou aquilo, e cinco segundos depois que você responde, ela dá aquela virada de cabeça pro outro lado e murmura um " ahran" fazendo a cara de maior desinteresse que você já viu na sua vida. Essa é a mesma pessoa que te apoquentou os piquás, falando sem parar no seu ouvido por meia hora, sobre um probleminha que você couldn't care less que aconteceu com ela, e você ouviu. Broxante.

III. Você estå falando ao telefone, contando algo, quando de repente a pessoa do outro lado começa a falar coisas que não tem nada a ver com a conversa, e você fica confuso por uns segundos, até perceber que a falação não é com você, e sim com outra entidade presente do outro lado da linha - os filhos, a empregada, o encanador, o cachorro, o periquito. Quando a pessoa volta a falar com você, você já até esqueceu o assunto. Broxante.

IV. Você está contando um causo e a pessoa fica te interrompendo para: terminar as suas frases, ou puxar o assunto pra ela. No primeiro caso, a finalização das frases é sempre equivocada, e no segundo caso, esqueça, você nunca vai ter a chance de voltar ao seu assunto e terminá-lo. Não é realmente broxante?

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August 8, 2006

Sol Na Casa 8, Lua Na Casa 1

Parece que isso só me acontece uma vez por ano. Daí é aquele ziriguidum. E eu fico chata, chata, chata, chata! Porque de repente eu vejo a luz, e me conscientizo que preciso me desfazer de um monte de nós incômodos e de muito entulho e lixo que eu acumulo na minha vida - isso incluí coisas e pessoas.

Nem queria falar nisso, pra coisa não reverter, mas estamos num verdadeiro paraíso, depois da descida aos infernos que foi aquela onda de calor. A aberração nos faz apreciar muito mais a normalidade. Hoje estou vestindo um sueter.

Liguei domingo passado para desejar Feliz Dia dos Pais pro meu pai. Felizmente minha mãe me salvou do constrangimento, avisando que o dia era no próximo domingo. Mas meu pai entenderia, ele sabe a filha que tem. Minha mãe comentou que durante o almoço estavam todos rindo da minha história do vestido molhado. Este respeitável blog é lido pela minha família. Não é o fino da bossa?

E olha só, a Revista Paradoxo faz três anos, com edição comemorativa e tudo. Eu estou lá, com minha coluna semanal sobre culinária. Tudo super chique, super cool, um arraso!

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August 6, 2006

flores do mercado

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August 3, 2006

Uma moça muito limpinha

A minha hora de almoço não é só para as comilanças. Eu geralmente tiro os sapatos e a roupa e visto um roupão, pois isso me ajuda a estender um pouco mais o prazo da elegância e a aguentar mais umas horas de confinamento vestuário. Nessa hora do almoço eu também escovo os dentes e passo fio dental. E ás vezes lavo o rosto, ás vezes lavo os pés, ás vezes eu tomo um banho, e sempre retoco o perfume, penteio as sobrancelhas e coisas assim. Mas num belo dia, ás dez da manhã eu encasquetei que meu vestido estava cheirando estranho no sovaco. E eu não simplesmente encasqueto, eu despiroco total. Ninguém aqui chega suficientemente perto de mim para sentir cheiro de nada, mas mesmo assim eu entro num estado de descontrole insano. Então na hora do almoço eu cheguei em casa e lavei o vestido. Sim, mes amis, LAVEI. Usei um sabão liquido que supostamente elimina os maus odores e lavei os sovacos do vestido, que molhou também nas costas. Pendurei o dito na janela do banheiro - bem cortiço style - e fui comer. Lógico que o vestido não secou! Eu fico realmente sem graça de voltar pro trabalho vestindo outra roupa, como se eu fosse uma reles dondoca fútil. Então revesti o vestido daquele jeito mesmo. E voltei pedalando, com o sovaco e as costas molhadas, tão fresca, tão limpinha.

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