February 28, 2008

a mulher que se ocupa na cozinha

Acordei de madrugada abismada, pois me pareceu que eu estava até então sonhando com comida, escrevendo sobre comida, preparando comida. Senti que estou um pouco bitolada, porque sonho é um território complicado. Pensei ali no meio da noite que era melhor parar com aquilo, que não dava pra continuar, que estava obscurecida na obsessão. Talvez por ter me surpreendido assim totalmente dominada, acabei esquecendo tudo. Esqueci até o sonho que não era pra esquecer, porque era uma história mais do que interessante, instigante e estimulante. Apesar de não ter nada a ver com comida.

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February 27, 2008

de chapéu

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meu filho foi esquiar--de chapéu.
essa foto é de dez anos atrás, mas o chapéu é bem parecido.

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February 26, 2008

the trouble with me

O problema comigo é que quando eu pego entojo, eu pego entojo e não tem volta, não tem jeito. Quando eu pego entojo, tá feito, tá decidido. E quando eu pego entojo de alguma coisa ou de alguma pessoa, eu simplesmente não posso nem mais ver o objeto ou a pessoa na minha frente. Pior, eu não consigo nem pensar, nem mencionar o nome da coisa ou do coiso. Não tem remédio e a única reação que eu consigo ter é de repulsa. Como um disco quebrado, minha mente teimosa não desiste de soletrar com grande ênfase—i don't like you! É esse o problema comigo, que realmente não tem jeito e que é assim mesmo.

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February 24, 2008

chove sem parar

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February 21, 2008

abracadabra!

Minha vida deve estar numa fase completamente enfadonha, pois até a minha natural elocução tirou uma folga, escafedeu-se. Mas não é porque nada acontece. Muita coisa acontece, claro. Por exemplo, hoje eu caminhei invés de pedalar a bicicleta, porque chovia muito. Comi pizzelles e bebi suco de cenoura. Chorei mais lágrimas por causa dos animais maltratados. Escrevi e-mails. Amarrei um lenço no pescoço, como a enfermeira Helen Hayes faz em A Farewell to Arms. Marquei hora no médico. Pensei em muitas pessoas. Li algumas notícias. Já decidi o jantar. Se espremer, sai assunto. O negócio é que eu não estou com a menor vontade.

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February 17, 2008

o gato que adora flores

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Roux & as gerberas

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February 14, 2008

casinha [também] para o passarinho

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February 13, 2008

ninguém contava com essa..

Pelo vidro emoldurado da janela, olho hipnotizada folhas de jornal voarem e revoarem pelo cimento e gramado. Estávamos engrenando para uma semana de primavera ilusória no meio do inverno, quando começou o vento. Por um motivo alheio ao tempo, eu troquei de roupa na hora do almoço. É muito raro eu fazer dessas, mas quando faço tenho sempre uma desculpa preparada, caso alguém se espante—uai, cê não tava com um casaco de veludinho florido hoje pela manhã? Felizmente nunca tenho que usar minhas histórias esfarrapadas, pois ninguém realmente comenta. E eu voltei mais agasalhada, pois a ventania já tinha começado. Vim pedalando minha bicicleta velha com tal esforço que me fez sentir os músculos do estômago, que eu às vezes acho que não tenho mais. Na caminhada da tarde, lembrei quando eu e o Gabriel lutamos contra o vento numa avenidona deserta daquela cidade que fica na planície gelada. Só ai entendemos por que não víamos ninguém caminhando pelas ruas. Me senti assim caminhando hoje pelo campus, contra o vento que me impunha fazer força e me esticava a cara, ou contra o vento que me empurrava como se estivesse aflito que eu fosse chegar atrasada. Me deu medo. Galhos de árvores ancestrais quebram, alguns já quebraram, mas felizmente nenhum despencou sobre a minha cabeça.

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February 12, 2008

let the sun shine III

Fiz a curva, pedalando inclinada pelo círculo e comecei a ouvir o som dos tambores. De longe já pude ver duas figuras com dreadlocks loiros dançando. Eles estavam mesmo pulando, ou melhor, se expressando. Saias longas indianas, torsos nus, cabelos embaraçados, pés descalços dançando ao ritmo pulsante dos tambores no gramado central do campus. Aquela cena me fez mergulhar numa dúvida existencial—quem sou eu, onde estou, viajei no tempo, caí da bicicleta e morri, nada disso pode ser real. Mas é fato que o tempo esquentou e os bichos grilos já sairam da toca para celebrar o sol.

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February 7, 2008

atração irresistível

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Uma criatura com uma câmera na mão passa na frente de um espelho. Não dá pra evitar fazer esses manjados auto-retratos.

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February 6, 2008

As cinzas da quarta

Acho horrivel quem diz que o ano vai finalmente começar depois do carnaval. Dizer isso é como assinar um atestado de falta de idoneidade.

Acordei certa de que estava iniciando uma quinta-feira. A realidade me colocou rapidamente no dia certo.

Não suporto acompanhar apuração de eleições. Por favor, me diz apenas quem ganhou e pronto!

Eu não quero, de jeito nenhum, ser uma pessoa que combina cores.

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February 5, 2008

done!

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February 2, 2008

não é de comer

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February 1, 2008

hope & change

Em 1982 eu votei pela primeira vez, na primeira eleição direta depois da ditadura militar. Foi uma eleição para governador e eu votei no mais improvável de ganhar, mas no que carregava mais expectativas de mudanças. Era o sindicalista Lula, que concorria pelo PT e perdeu, é claro. Mas naquela eleição, que foi a minha primeira, eu fui votar com entusiasmo, alegria, esperança e orgulho. Depois daquela, não houve mais nenhuma. Todas foram um fardo, votando no menos pior, pelo menos pra mim.

Depois de 25 anos vou votar pela primeira vez novamente, e vou votar com entusiasmo, alegria, orgulho e esperança outra vez. Quero que todos os meus votos daqui pra frente sejam assim—importantes. Que eles signifiquem algo, não somente cumprir uma obrigação. Agora eu escolho se quero ou não votar. E escolhi que quero, porque preciso exercer esse direito, com todas as vantagens e desvantagens que ele me traz.

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