March 31, 2007

um estilo que é meu

Quando vi a foto desse look no The Sartorialist, parei, como se para na frente de um espelho. Esse é o meu estilo, sem tirar nem pôr. Não sou eu, mas poderia ser, se eu morasse em Milão, e ainda tivesse a idade dessa menina.

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March 29, 2007

No meio da couve-flor tem a flor, tem a flor

Que além de ser uma flor tem sabor...ôô

O inverno voltou, com ventania. Choveu florzinhas, que caiam de todas as árvores, espalhando uma densa camada de pétalas delicadas pelas ruas. Choveu granizo que, como toda chuva de granizo, atraiu as pessoas às portas e derreteu em minutos. Ventou muito, fez frio e fez sol, confundindo os passantes, que nunca sabem como se vestir apropriadamente nesses dias de transição.

O jantar foi uma fatia de pizza e um kiwi. Corri. Banho. Maquiagem. Brincos que só saem da caixinha em raras ocasiões.

Foi meu único show da temporada de inverno. Digam que foi sorte, ou pauzinhos sutilmente mexidos a meu favor. Eu não ando trabalhando muito no Mondavi Center, porque à noite estou sempre cansada, e quero tentar caminhar e tentar cozinhar, ler, ver um pedaço de filme. Mas me enlistei para trabalhar na apresentação do Gilberto Gil.

Tudo me parecia uma miragem— numa noite fria de primavera em Davis, o ícone da Música Popular Brasileira que embalou nossos anos de adolescência e inicio de vida adulta, bem ali no palco, cabelos grisalhos longos em tranças, túnica e calça branca, cantando Maracatú Atômico. Foi um show longo, delicado e bonito. Fui dormir tarde e estraguei o meu dia seguinte. Mas quem disse que não valeu a pena?

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March 28, 2007

greystone

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March 27, 2007

e tem também os patos

Esquilinhos saltitantes, patinhos quaqualantes na linda cidade de Davis. Os esquilos eu já disse—são uma praguinha, apesar de bonitinhos. Todo santo dia eu quase atropelo um com a minha bicicleta. Ou ele quase me faz ter um acidente. Outro dia ficamos, eu e o esquilo, naquele impasse, vai não vai, pra onde mesmo, páro ou viro, sigo ou retorno? Até que eu pedalei em frente e fiz o xingamento oficial: praga dresgranhenta!

Os patos também são dignos de nota. Já sairam até no jornal O Globo! Eles residem na cidade onde os carros param para eles atravessarem a rua. Mas pérai, o que os patos estão fazendo atravessando a rua? Pois é, vejam se não é uma praga. Eles pertecem ao Arboretum da UC Davis, onde eles têm riachinho, comidinha, morrinhos, arbustos a vontade. Mas eles estão felizes lá? Claro que não. Uns patos rebeldes resolveram explorar outros territórios, então eles andam pela cidade, atravessam a rua, a avenida, vêem dormir na grama do meu jardim, fazer seus totôs e infernizar a vida da gente com seus quacks. Vejam bem, esses patos são mimados, eles são metidos, eles quackam pra você, de maneira agressiva quando você passa por eles. Se bobear eles te bicam. Mas o pior é o caos que eles causam no tránsito da cidade. Toda hora tem lá um micro engarrafamento, porque um casal de patolinos resolveu atravessar a rua da maneira mais tranquila, e às vezes indecisa, do mundo. Todo dia eu vivêncio ou observo uma cena dessas, que é uma fonte de angustia para os motoristas, que precisam tomar o máximo de cuidado para não acabar fazendo um splosh-splash numa dessas criaturas.

Não é realmente bucólico?

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March 23, 2007

hello, vera!

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e o céu do Napa Valley...

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I know we've come a long way, we're changing day to day

But tell me, where do the children play?

Minha tia Anah me disse uma vez, do alto dos seus quase oitenta anos, como somos incrívelmente ingênuos na nossa juventude, achando que nada nos atingirá, que nada de ruim vai nos acontecer, e que não vamos morrer, nem envelhecer. Ela me contou que tinha absoluta certeza - ah, imagina! eu não! nunca vou ficar velha! Mas ficou. Abriu-se uma ampla janela na minha consciência e comecei a perceber o que nunca tinha percebido e ando pensando em coisas que nunca tinha pensado antes. É mais ou menos como quando chegamos na puberdade e deixamos de ser crianças. Perdemos a carinha infantil, o corpo se transforma, os hormônios borbulham, o psiquê muda e é aquele dramalhão, rios de risadas e lágrimas descontroladas. Acho que temos uma outra fase bem semelhante na nossa maturidade, depois de anos com a mesma cara e corpo, coisas começam a mudar e começamos a ver nossos pais refletidos no espelho, os hormônios borbulham novamente, o psiquê muda e começa tudo de novo, só que desta vez com uma perspectiva bem diferente. Estou justamente aqui. No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho.

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March 20, 2007

time is [not] on your side

Eu usei muita mini-saia. Até nos invernões canadenses, com meia grossa, valha-me deus! Mas lá pelos trinta e oito eu cansei. Não foi bem cansei, mas saquei que não tinha mais nada a ver, não ficava mais legal, me dava um ar estranho, não combinava mais. Aposentei as sainhas, mas não aposentei as saias, que uso muito e adoro. Eu não sou um exemplo de nada, pois sempre fui muito pudica com meu corpo e eclética na minha maneira de vestir. Mas se tem uma coisa que eu juro que tenho é sitocomêtro. Posso até dar bafão por estar com uma aparência de palhaça, mas nunca vou cair na armadilha do pseudo-sexy-vulgo-baranga.

Domingo, num café em Calistoga, vi essa mulher com cara de ter no mínimo uns sessenta anos vestida como uma garotinha de dezesseis, com uma micro-saia cor-de-rosa de babados e sapatos brancos de salto altíssimo. As pernas finas, longas e brancas salpicadas de pequenas veias azuís. Ela estava acompanhada por um tipo vestido de calça de tergal e sapato cor de creme. Ele pelo menos não estava chamando a atenção. Cada um faz o que quer, se veste como quer, mas sempre com o mínimo de dignidade, que é imprescindível.

Eu tenho certeza que aquela cena da mulher de sessenta anos vestida com uma adolescente é o mais puro reflexo da pressão que sofremos todo-santo-dia, vivendo numa sociedade onde só o jovem, o sexy e o bonito tem lugar ao sol. As pessoas fazem coisas ridiculas para tentar congelar o tempo, que infelizmente é implacável e cruel. Só escapa da velhice quem morre jovem.

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March 18, 2007

tédio, nunca mais!

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Filas, saguão de aeroporto, sala de espera de consultórios médicos, plataforma de trem, serviços burocráticos, todas essas câmaras de crueldade explicítas, que te obrigam a esperar, esperar, esperar. Agora tenho o antídoto para o tédio crepitante na minha mão. Aleluia!

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March 16, 2007

está cada vez pior

Sonolenta, ouvindo Neil Young pelos fones de ouvido e chorando, de molhar os ombros. A assistente do dentista, vez e outra, enxugava as minhas lagrimas delicadamente com um lencinho de papel. Eu quero acreditar, preciso acreditar, que há outros assim como eu por aí, que não é uma coisa rara, nem inédita, nem errada, ser assim tão sensível.

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27ºC

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March 15, 2007

Não tem nada errado

Faz um lindo lindo de primavera, e estou com aquela sensação de que já é sexta-feira, porque amanhã não terei labuta. Em compensação terei uma visita bem chata ao dentista. Tudo bem, a viagem de primeira classe já foi providenciada!

Ontem liguei na Disneylândia para resolver um negocinho pra minha irmã. Passei a tarde inteira rindo de boba que sou — eu liguei na Disneylândia, liguei na Disneylândia, imagina só, não é bizarro, eu falei com alguém na Disneylândia, será que foi com a Minnie?

Quando a situação se revela absurdamente surreal, cheia de detalhes de pouco caso dissimulado, e onde a personagem principal exala sonsice por todos os poros, a melhor solução é se fingir de morta e deixar pensarem que você é tão sonsa qual. A sonsa número dois, pois sim, já que o trono já tem dono.

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March 14, 2007

most of the time I'm halfway content

Estou cansada dos esquilos neste campus, de como eles me assustam pulando nos arbustos e árvores, e de como passam rapidamente, naqueles pulinhos galopantes, na minha frente quando estou pedalando.

O visual da moçada está se transformando com a mudança de estação. Nas minhas caminhadas para esticar as pernocas, atento para a horda de estudantes. Muitos não têm noção de estação - cachecol e chinelo - São razoavelmente massificados e sem senso de estilo.

Divido os grupos de pessoas em três categorias, dispostos desigualmente: os que estão com um IPod na orelha, os que estão falando no celular e os que estão sozinhos ou conversando com outro humano.

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March 11, 2007

todo ano...

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Todo ano a árvore de nectarina floresce. É sempre uma visão linda, embora efêmera.

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March 9, 2007

cena de filme, está lá?

As manicures coreanas matraqueava - yada yada yada yada - enquanto faziam as mãos e pés de clientes. Riam, comentavam, riam, comentavam. Todos os que não entendiam coreano boiavam, incluindo eu. Claro que nesse momento fui imediatamente remetida à lembrança de uma cena de filme, que não consigo identificar qual, onde as manicures coreanas comentavam e riam da cliente, que as surpreendeu, retrucando na língua delas. Qual é o filme, meudeusdocéu?

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March 8, 2007

a prova do som

Por causa dos barulhos produzidos por um ser troglodita, eu preciso colocar fones de ouvido e escutar música num pequeno período da tarde, enquando dura o almoço do referido. Nesse tempo eu simplesmente não consigo fazer nada. Não consigo fazer meu trabalho, que é super minucioso, ouvindo música. Não dá! Atrapalha a minha concentração, eu acho que estou deixando passar detalhes importantes despercebidos, parece um bloqueio. Felizmente o nhacnhac slurrpslurrp dura pouco, pois o troglô come rápido.

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March 6, 2007

francesas

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March 4, 2007

adoro as manhãs de domingo

Porque a piscina estava fechada fui caminhar. Caminhei somente metade do percurso, porque não quis exagerar. Mas exagerei quando fiz meus planos - okay, não sei se vai dar pra nadar durante a semana, mas posso caminhar, chego em casa às 5:10, visto o tênis, caminho uns quarenta minutos no Arboretum, acho que até às 6 ainda não vai estar escuro. Daí me empolguei e comprei tênis novos e um Ipod.

Queria entender por que eu sempre nadei contra a corrente, ou sozinha numa raia sem me enturmar. Sou assim desde sempre, não consigo fazer parte de grupos, partidos, andar em turma, fazer o que os outros fazem, me vestir "na moda", seguir regras, participar de eventos coletivos, jogar joguinhos, passar correntes pra frente, fazer parte de um time, me integrar. Sou a que corre por fora, do meu jeito, com as minhas regras e etiquetas que me orientam e determinam o meu caminho.

Acordamos com o gato faminto espancando a porta do quarto. Eu levantei e desci para dar comida ao desesperado. A relação do Misty com os humanos é completamente baseada em comida. É uma coisa que me incomoda, pois parece não existir outro elo de ligação. Li outro dia que gatos são muito mais leais aos humanos que os cachorros, só que eles fazem a conexão de uma maneira diferente, e muito mais rigorosa. Eles se conectam com apenas um humano, a quem vão ser leais para sempre. Se acontece um abandono, o gato nunca mais vai se conectar à humano algum, e todos os relacionamentos dali em diante serão baseados em comida. Esse é exatamente o caso do meu gato Misty.

Nove graus, nublado com ventinho, domingo de manhã, vejo muitos passantes pela janela, e eu tô indo caminhar.

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March 3, 2007

faz tempo que eu não apareço por aqui

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cuidado, piso molhado!

No dia em que eu resolvi voltar a nadar, a piscina estava fechada.

O almoço foi na calçada, com um sol tão aconchegante aquecendo o rosto que até deu vontade de fechar os olhos e dormir ali mesmo, sentada.

Uma meta: tentar imitar a elegância da Karen Blixen, a baronesa, na pele da Meryl Streep em Out of Africa. Me expliquem como uma atriz pode estar sempre mal ajambrada e descabelada na vida real e na tela encarnar tão bem uma mulher como Blixen?

Lá fui eu, pro supermercado outra vez.

Minha desorganizção está profundamente enraizada.

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