September 28, 2005

pausa para os comerciais

De quinze em quinze dias eu preparo uma salada. A de hoje é de grão-de-bico, com tomates, cebolas, azeitonas pretas, pimentão vermelho assado e ervas. Pão sourdough e um chardonnay gelado pra acompanhar.

Roux passou três dias pulando atrás de uma mosca que entrou desafortunadamente na casa no domingo. Hoje a coitada já não estava mais nem voando e eu dei um golpe de misericórdia com a sola do meu chinelão - plaft! Fim.

Eu ando completamente horrorizada com o que ando vendo e lendo por aí....

A higienista me deu parabéns, pois segundo ela eu tenho os dentes mais limpos do que a maioria. Não que isso signifique que eu não tenha mais que ir lá, muito pelo contrário. Um elogio, mas agora vamos marcar outra visita para daqui a três meses?

Livros lindos, lindos que ganhei da minha mãe e meu pai. São dois, Adoro! e Adoro o Brasil! Inspiração.

Estamos nadando numa piscina pública, enquanto a nossa passa por limpeza e manutenção. O lugar parece um clube de campo e os vestiários não têm teto, então os nadadores e nadadoras tomam banho e se trocam no sol. E eu trancada no dãbliucê, of course!

Contagem re-gres-si-va-a!

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respeito é muito bom e todo mundo gosta

O chanceler da UC Davis se inspirou numa idéia da NPR - National Public Radio, para lançar um projeto bem interessante no dia da convocação para o inicio do ano letivo na universidade. O projeto é o My Personal Compass e foi baseado no This I Believe, um programa que coleta e divulga opiniões pessoais diversas.

No website do programa, pode-se ler qual o objetivo da emissora reeditando um programa similar da década de 50. Por que divulgar um apanhado de opiniões divergentes e diferentes? Pra que proporcionar aos ouvintes uma variedade de pensamentos e credos? A resposta chegou pra mim neste parágrafo.

"... their goal is not to persuade Americans to agree on the same beliefs. Rather, they hope to encourage people to begin the much more difficult task of developing respect for beliefs different from their own."

Me pergunto como seria se os empunhadores da bandeira da verdade parassem um pouco de bradar razão e tentassem desenvolver um pouquinho de respeito pela opinião alheia. Escutar, ponderar, respeitar.

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September 27, 2005

No Direction Home

Martin Scorsese é realmente um goodfella. Não só porque ele é um grande diretor de filmes inesquecíveis, mas também porque nos passa aquela idéia de que é um cara simples, um vizinho ajudando com palpites úteis, um tio carinhoso que dá abracos, um parente simpático que envia cartões de Natal, um amigo que ouve suas histórias com atenção. Acho que eu me sentiria à vontade na frente dele, falando com ele ou para a câmera dele. Penso que Bob Dylan também se sentiu à vontade, pois acho que nunca o vi em filme assim tão feliz, relaxado, falando sem restrições, sem aquela cara de esfinge que é a sua marca registrada.

No filme-documentário de Scorsese No Direction Home: Bob Dylan, que a rede pública PBS está mostrando em duas partes, Dylan se revela. Pra uma fãnática como eu, foram duas horas de puro prazer! O filme se concentra nos primeiros anos da carreira de Dylan, de 1961 à 1966, quando ele se eletrifica e é criticado e chamado de Judas pelos seus fãs.

As pessoas aqui me olham com uma cara de incredulidade quando eu, uma brasileira, revelo a minha paixão pelo Dylan. É realmente inexplicável o que aconteceu comigo desde a primeira vez que ouvi uma das músicas dele - que deve ter sido Lay Lady Lay, quando eu ainda era uma pré-adolescente. A música desse artista tem um poder sobre mim que ultrapassa as barreiras da língua e do entendimento. Eu fui fã do Dylan por anos, sem entender uma única palavra do que ele cantava. Eu sempre digo que o meu único interesse em aprender inglês - que nem vinha carregado de muita dedicação - era para entender o que o poeta cantava. Consegui finalmente, porque acabei acidentalmente virando uma estrangeira. Hoje posso dizer que não só a música, mas a poesia do Dylan fala diretamente para mim. Tudo o que ele canta faz sentido, toca um sino, me faz sorrir ou chorar, me carrega junto.

Exagero, não? Que nada. Ontem, assistindo à primeira parte de No Direction Home: Bob Dylan, tive uma epifania explicativa para essa minha história. Logo no inicio, contando como descobriu a vitrola com um disco de música country dentro, Dylan conta como o som daquela música fez ele se sentir uma outra pessoa, como se ele tivesse nascido em outro lugar. Acho que é exatamente isso que a música provoca: penetra nas profundezas do subconsciente e mostra quem você realmente é, o lugar ao qual você pertence e a sua missão neste mundo.

A música de Bob Dylan provocou esse efeito em mim quando eu ainda nem sabia quem eu realmente era e qual era o meu propósito nesta vida. Muitos anos depois eu ainda não me encontrei completamente, mas com certeza a música desse homem tem me inspirado à beça pelo caminho.

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September 26, 2005

uma boa razão

Ela me perguntou por que eu escrevo e a resposta foi, pelo mesmo motivo que as pessoas comem, bebem, fumam, competem, se drogam....

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no domingo

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September 25, 2005

tomates provençal

Preparei uma travessa deles ontem, com um montão de tomates madurinhos e fresquinhos que colhi na minha horta e eles fizeram o maior sucesso......

Corte os tomates no meio e retire as sementes. Deixe escorrer por uns minutos. Numa frigideira larga e rasa, coloque uma fina camada de azeite e os tomates virados para baixo. Refogue por uns minutos, retire os tomates e coloque numa assadeira. Misture farinha de pão com uma mistura triturada de salsinha, dentes de alho, sal grosso e ervas provençais. Recheie os tomates com essa farofa. Asse em forno alto por quinze minutos. Sirva quente ou frio, acompanhando carnes ou apenas com aperitivo. C'est très bon!

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September 24, 2005

yawn.....

Estou, devagarzinho, superando o famigerado jet lag. Ontem e hoje consegui dormir até às sete da manhã. Vitória! Acordar às quatro da matina não é nem um pouco divertido, também porque às seis da tarde já se fica querendo deitar. Pra mim, as voltas das viagens são as que mais me dão trabalho. Na ida, porque estou passeando, a adaptação é menos pesada.

Mas peloamordedeus, onde que eu fui amarrar o meu burro, hein? Eu moro longe pra caramba da civilização ocidental!

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September 23, 2005

snapshots

Terminei um projetinho que comecei antes de viajar. Uma parede da sala, que vesti com quadrinhos de postais europeus do começo do século vinte. Vi algo similar numa revista e fiz a minha adaptação com molduras super baratotais de uma lojeca de departamentos, que eu repintei com tinta spray prateada. Os postais eu comprei numa loja de antiguidades. Eles são maravilhosos e me fascinam. Gosto especialmente dos que foram enviados - com nome e endereço do destinatário, sêlo, carimbo com data e as impressões do remetente viajante, que descreve em algumas poucas linhas com letra rebuscada em tinta de pena as suas impressões dos lugares visitados.

Também coloquei em moldura uma foto imprimida em papel comum, que achei no meio da bagunça dos meus armários quando eu estava tentando dar uma organizada geral. Tentei imprimir duas fotos de slides antigos que meu pai digitalizou uns anos atrás. Não ficaram perfeitas, mas ficaram interessantes. Uma delas já estava emoldurada, faltava a outra.

Nem sei descrever o quanto eu gosto de fotos. Se eu tiver que escolher entre uma exposição de pinturas e outra de fotografias, nem vou hesitar em escolher a segunda opção. Aqui onde eu escrevo estou rodeada por fotos, em molduras, sobre os móveis, penduradas nas paredes, pregadas com tachinhas em um painel, coladas com durex nas portinhas do meu desk, socadas em caixas, empilhadas pelos cantos esperando um lugar definitivo para serem guardadas. Postais, cartões, fotos, fotos, fotos.... Muitas caras queridas sorrindo pra mim. Olho agora pra uma especial - eu, minha irmã, meu irmão e minha sobrinha numa pose feliz num restaurante, em junho do ano passado. Um raio de sol ilumina o cabelo clarinho da minha sobrinha. É uma visão aconchegante e com gosto de bala de mel.

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vinhos

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envelhecendo......

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September 22, 2005

Friday Night Fever

Em Orleans ficamos num Holiday Inn de beira de estrada, o que foi um tremendo alívio, pois não precisamos nos perder pela cidade para achar o hotel. Saímos do pedágio - dele não escapávamos nunca - e já entramos no estacionamento do hotel. Com essa economia de tempo tivemos a chance de sair caminhando calmamente depois de um banho e procurar um restaurante para jantarmos sossegados.

Logo na outra esquina encontramos uma brasserie - Le Bouche à Oreille. Era um local simpático e logo que entramos escutamos a música. Nas sextas-feiras havia a animation musicale, transformando o local num restaurante dançante. Não sei onde vi isso antes, se na minha infância de interior ou em algum filme, mas eu não conseguia parar de sorrir com a familiaridade daquela situação. As mesas do restaurante se posicionavam ao redor de uma pista de dança, onde os començais se requebravam antes, durante e depois da sobremesa e do licor digestivo. No pequeno palco, que se elevava em um degrau, uma duplinha super animada botava pra quebrar. Um tocando keyboard, que fazia o som de uma banda completa, e o outro cantando com muita animação.

Nós pedimos a comida à la carte, depois de perguntarmos em francês se alguém ali falava inglês, ou português, ou espanhol. Nada. Com gestos, apontando, sorrindo amarelo, suando, conseguimos tomar uma água Perrier, uma cerveja Stella Artois sem álcool, um frango com arroz e um bife com batata frita. Ufa. Estava muito divertido ver o pessoal dançar e a comida estava muito gostosa. A garçonete até que se esforçou muito para não nos deixar passar fome, nem acabar comendo carne crua ou tripa.

A ironia desse nosso jantar na brasserie de Orleans foi que enquanto nos descabelávamos para decifrar o menu em francês e nos comunicarmos com a garçonete, a duplinha musical cantava hits EM INGLÊS e os dançantes faziam conjuntamente passinhos de square dance, imitando os bailes country norte-americanos, enquanto cantavam acompanhando a música. E cantaram especialmente alto e excitados quando a duplinha interpretou um sucesso da Shania Twain - Man! I Feel Like A Woman!

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para entrar

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[em Montpellier...]

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September 21, 2005

qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência

Desde o primeiro dia de existência deste blog que meu e-mail carrega uma assinatura com o link do fezocasblurbs.com e com o convite - leia o meu pensamento. Quando eu criei essa assinatura, acreditei que tivesse conseguido resumir nela o que seria esperado encontrar neste meu pequeno espaço.

Aqui pode-se ler o que eu penso das coisas que eu vejo ou experiencio, minhas reflexões no chuveiro e na piscina, minhas histórias e opiniões, pedaços do meu cotidiano transformados em mini-crônicas. Este blog nunca pretendeu ser um relato exato das minúcias da minha vida, nem um relatório do que eu faço ou deixo de fazer. Ele também não é de maneira nenhuma um guia de como viver no exterior, nem de como fazer as coisas por aqui e não é uma sucessão de textos explicativos, nem é informativo, nem didático, não pretende ensinar nada pra ninguém, nem explicar minímos detalhes com descrições minuciosas, álbum de fotos e receitas passo-a-passo.

Meus textos podem ser tanto um simples fluxo de pensamentos desconectados, como tentativas de escrever coisas mais elaboradas. Eu normalmente uso uma situação que vivenciei ou que presenciei como base para escrever. Arredondo e corto arestas, não preciso entrar em mil detalhes explicativos, porque apenas alguns fatos daquele acontecimento interessam para dar fluidez para a história.

Sempre senti a necessidade de escrever sobre isso, porque muitas e muitas vezes leio comentários deixados aqui que me fazem ficar matutando - mas o que essa pessoa entendeu do que eu escrevi? por que ela está comentando uma coisa que não tem nada a ver com a história? O que geralmente acontece é que as pessoas lêem o texto e tiram conclusões baseadas em informações que NÃO estão expostas, não ficaram explicitas, não foram detalhadas, porque não eram importantes para a história. Então baseadas na falta de informação passam a dar conselhos, palpites e dicas e se põe a fazer analises, como se aquele texto refletisse exatamente a minha vida e os seus acontecimentos, e consequentemente essa exposição do particular concedesse uma permissão geral e irrestrita para a intromissão.

Acho que vou decepcionar algumas pessoas, mas quem realmente quiser me conhecer e saber da minha vida, o que eu realmente faço no meu dia-a-dia, o que aconteceu nas minhas viagens em detalhes, o que o meu marido faz ou deixa de fazer, as histórias do meu filho, meu cotidiano exatamento como ele acontece, vai ter que fazer amizade, conversar comigo e participar um pouco da minha rotina particular. O blog mostra uma pontinha de quem eu sou, mas definitivamente não é somente me lendo aqui que alguém vai ficar por dentro da verdadeira maionese.

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pés no Mediterrâneo

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farofa a bordo

Assim que o comandante avisou que teríamos que esperar por pelo menos uma hora e meia até os mecânicos terminarem o conserto do problema no avião, eu ouvi o barulho de desembrulhar de pacotes de papel e plástico nas cadeiras atrás de nós, onde sentavam um casal de americanos. Senti cheiro de pão sendo cortado e de vinho enchendo copos! Pensei, essa gente trouxe um farnel? Sim, trouxeram! Não olhei pra trás, é claro, mas fiquei invejando a idéia, o senso de prevenção, a capacidade de se organizar para não passar fome a bordo.

Uns minutos depois levantou um espanhol que sentava com a esposa na fileira ao nosso lado. Uma figuraça de calça Calvin Kline e camiseta do sindicato Solidariedade. Senti um cheiro maravilhoso de pão com queijo e presunto e levantei a cabeça para ver os espanhóis devorando enormes sanduiches que vieram embrulhados em papel branco. Em seguida os vi brindando com copos cheios de vinho tinto. Eu salivava de lombriga de fome de de inveja. E pra completar a farra gastronômica, o espanhol começou a descascar laranjonas suculentas com um cortador de unha. Picnic completo! Levantei pra esticar as pernas e vi os americanos sentados atrás de nós guardando uma caixa de plástico com presunto cru e retirando do farnel uvas gigantonas verdes e potinhos com algum creme de sobremesa, que eles comiam com uma colherzinha descartável- organizadíssimos! A mulher me ofereceu umas uvas, que eu recusei gentilmente por educação. Eu já tinha dado bandeira suficiente da minha babação e inveja.

Da próxima vez que viajar de avião vou ser esperta como esse pessoal e levar uma farofinha. Comida de avião é uma droga mesmo e pelo que eu percebi ninguém regula a entrada de comida clandestina a bordo!

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September 20, 2005

para sentar

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[em Paris...]


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[em Nice...]

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lar doce lar

É claro que eu quero conhecer o mundo, diferentes culturas e experienciar o desconhecido. Não sou diferente de ninguém - aliás, sou uma imigrante, então já provei que encaro de frente alguns desafios bem grandes. Mas não consigo deixar de sentir um alívio e alegria enormes quando volto de uma viagem e revejo a minha vizinhança, a minha casa, meu jardim matagal, meus gatos mimados e bagunceiros e volto à minha vidinha brejeira. Viajar é ótimo, alarga os horizontes, desvenda mistérios, enriquece e acrescenta muito ao currículo da vida. Mas voltar pra casa é também muito, muito bom!

Pra mim o maior desafio das viagens é o percurso, o confinamento por horas e horas dentro de um avião sem espaço, sem ar fresco, sem liberdade de movimentos. Já tive viagens ruins, mas esta última regressando de Paris bateu o recorde. Quatro horas trancados dentro do avião no gate da American Airlines no aeroporto Charles de Gaulles, esperando os mecânicos consertarem um problema. Uma tortura que eu não desejo pra ninguém. Depois quase dez horas voando até Miami. Perdemos nossa conexão para San Francisco e fomos enviados para um hotel. Chegamos em Davis com um dia de atraso, de saco cheio de olhar pra malas, banheiros de avião e cartões magnéticos de quartos de hotéis.

Alugando o ouvido do Gabriel ontem à noite com nossas histórias e aventuras francesas, ficou bem claro que aproveitamos muito e que a viagem foi super legal. Tirando a ida e a volta.... Se houvesse um jeito de apenas chegar e sair do lugar, sem precisar fazer a peregrinação de aviões, trens e carros, seria perfeito e com certeza eu viajaria muito mais.

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September 16, 2005

a torre

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September 14, 2005

ça va...

Estou na Ecole de Agriculture de Montpellier esperando monsieur Urso assistir a uma ou duas palestras. Depois vamos fazer um tour por fazendas produtoras de frutas e uma vinicola. Chegaremos ate a fronteira com a Espanha. Nao sei se vou gostar de fazer esse passeio com um bando de engenheiros cientistas de todos os cantos do mundo, mas estou com uma atitude positiva.

Explorei a peh todo o centro historico da cidade, que eh lindo, lindo, lindo. Caminhei tanto que chegou a doer as costas. E ontem sentei sozinha numa brasserie numa das mil pracinhas pelas ruas tortuosas da cidade e pedi le plat du jour com pommes frites et un verre de vin blanc. Depois l'addition s'il vous plait, merci!

Nas caminhadas sinto falta dos banheiros publicos, que aqui sao raros e muitas vezes sao pagos - 40 ou 50 cents pra usar um dabliuce fedorento.

Segunda-feira jantamos num bistro tipico. A comida era boa, mas nao era otima. Valeu pelo ambiente e conseguimos pedir tudo porque estavamos acompanhados de um americano que arranhava um frances. Mas estou me virando com gestos, apontando e decorando rapidamente algumas palavras. O sotaque eh que mata - un tartellete de framboise et un de ficos. Tenho dificuldade de entender os numeros, mas acho que as pessoas percebem o meu esforco e ajudam, mesmo com o ingles ruinzinho da maioria. Respondi a uma pesquisa no cafe da manha do hotel. A moca muito simpatica e com um ingles sofrivel me disse que aqui no sul da Franca eh mais dificil encontrar pessoas fluentes em ingles, o que eh mais comum em Paris. Ja deu pra perceber...

Temos nos perdido constantemente com o carro. Nos perdemos ate pra sair e entrar no estacionamento do hotel. Esta me dando nos nervos big time. Mas a sinalizacao aqui eh completamente caotica, nao conseguimos entender o sistema. Nao se consegue ler nomes de ruas do carro, entao o mapa nao serve pra quase pra nada. Vai-se a esmo, apostando na sorte. Eu temo as entradas e saidas das cidades. Pegamos o percurso no Michellin online passo-a-passo, mas nao adianta. Sexta-feira vamos a Orleans e depois de volta a Paris. Ja estou angustiada pois sei que vamos nos perder. Experiencia inescapavel na Europa.

Acabei de perceber que estou com uma mancha de pasta de dente na blusa. A sala esta enchendo de engenheiros e engenheiras. As conferencias devem ter terminado e vamos almocar. Voilà!

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September 12, 2005

bon jour! merci!

Bon jour e Merci sao as palavras que mais temos falado por aqui. Isso quando nao ficamos com aquelas caras de bananas, sem saber o que dizer ou fazer. Pra mim esta sendo uma licao de vida, pois quem mandou ser preguicosa e nao ir fazer um cursinho de frances. Rodamos mil e quinhentos quilometros em tres dias. Saimos de Paris, dormimos em Lyon, visitamos Cannes e Nice, passamos por Monaco e almocamos na Italia. Voltamos por Marseille e agora estamos bem acomodados em Montpellier, onde o Urso tem trabalho pra fazer e ja se enfiou na université, enquanto eu exploro a cidade e passo mais carao por causa do meu frances pior do mundo. Mas estou me virando, comendo e vou ate nadar agora a tarde numa piscina olimpica publica. Comer eh parte do passeio. Tenho devorado paes, queijos, yogurtes (aaah, ce ci bon!!!!), vinhos.... preciso mesmo ir nadar!

Muitos mitos cairam pra mim. Eu tinha certeza que os franceses eram anglofobicos mas tenho visto uma inundacao de cultura americana - comida, lojas, musica e teve (todos os programas dublados, argh!). Sem falar que estavamos com medo de falar ingles em Paris - porque todo mundo dizia que fazer isso era pedir pra ser ignorado ou maltratado - mas pra nosssa surpresa os franceses ofereciam ajuda gentilmente em ingles quando nos viam baratoes tontos completos - perdidos e com caras de quem tinha mesmo atravessado um continente e um oceano. Nos ajudaram no metro e nas ruas, nos desejaram boa estadia, tres jolie!

Estou no computador do hotel com um teclado em frances que esta me deixando louca e a catacao de milho esta realmente dificil.... Aqui se fuma muito, em todo lugar e os fumantes sao maioria, nem ousamos fazer cof cof quando alguem acende um cigarro na nossa cara. A gasolina eh cara e os pedagios na estrada sao uma coisa de louco: voce paga por cada quilometro de estrada percorrido. Viajar de carro aqui eh caro e nos com mentalidade das Americas, onde temos espaco e estradas, precisamos nos adaptar. Muitos cocos de cachorro nas calcadas, ainda nao pisei em nenhum, torcam por mim. Au revoir!

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September 6, 2005

the happy road

Quero baguettes, amendoas, nougat, azeitonas, aliche, petit-fours, fruta cristalizada, mel de lavanda, casseroles, croissants, carneiro, uvas, legumes provençais, suco de pêra, champagne, ervas, pães, bolos, doces, tapenade, omeletes, cocktails com pastis, cassis, frutos do mar, panquecas de grão-de-bico, salada niçoise, ratatouille, crepes, queijos e vinhos, muitos vinhos, pelas estradas da nossa rota francesa.

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o que você está fazendo?

É por isso, entre outras coisas, que eu gosto MUITO dela! O que podemos fazer a partir de agora, porque já se escreveu o suficiente sobre o trágico episódio, não?

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September 5, 2005

escapuliu!

Estávamos vendo tevê por horas, quando decidi descer para fechar portas, apagar luzes, antes de ir tomar banho e deitar. Deixamos a porta da sala aberta durante a tarde, para arejar, só com a porta de tela fechada. Assim que pus os pés na sala entrei em total pânico vendo a porta de telinha entreaberta! Gritei, os gatos sairam, os gatos sairam, aímeudeusdocéu! O Uriel desceu correndo, foi pegar a lanterna, eu passei os olhos pelos pontos onde os gatos costumam ficar - tapete do hall, cadeira da cozinha, cadeira da sala, tapetinho da porta da cozinha - e avistei somente o Misty pançudo deitadão. Ele não saiu, ele é obediente e não faz nada que o Roux faz, por orgulho ou despeito, não importa, o que importa é que ele não saiu. Então o autor da arte de abrir a porta e escapulir foi o espevitado Roux. Me deu um desespero, o quintal todo escuro e eu pensando que se esse gato besta pulou a cerca e seguiu em direção ao shopping ou ao Arboretum, poderíamos perder ele para sempre. Foram uns minutos de pânico, eu rodopiando pelo quintal escuro e berrando Roux, Roux, Roux, mesmo sabendo que o pateta nem sabe que o nome dele é Roux. De repente o sujeito chega todo correndinho e serelepe vindo da direção da horta. Ouviu a minha voz e veio. Não pude acreditar na arte que esse gatonildo aprontou, abrindo a porta de tela sei-lá-como e vistando o quintal por não-sei-quanto tempo. Deve ter sido a aventura da vida dele. Agora está fazendo plantão na porta de vidro - fechada - da sala. Nananinanão, seu espertinho! Agora não vou dar a chance para você treinar suas habilidades fugitivas.

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September 3, 2005

um minutinho da sua atenção...

Estou com a boca toda machucada, porque resolvi ler jornais e artigos online e fiquei me mordendo toda de tristeza e nervoso. Perdi até a inspiração para escrever os meus papos-furados de sempre.

Fomos à uma festa e logo que chegamos um casal que nem conhecíamos já estava saíndo. Eu, bocuda, falei bem alto - so early? Como quem quer dizer, já estão indo embora? Nossa, levei uma carcada fenomenal do meu marido na frente de uma platéia. Onde já se viu eu querer interferir na decisão dos outros de ir embora ou ficar. Durma-se com um barulho desses!

Voltando para casa pelo Arboretum depois do trabalho, encontrei uma das designers gráficas do grupo e ela veio conversar comigo. Eu vinha comendo um pacote de palitos, desses estilo grissini, salpicados de sementes de gergelim e estava com a boca e dentes todos enfarofados. Que mico! Tive que falar e sorrir com a boca espremida, porque tenho verdadeiro horror de pensar que a outra pessoa está vendo a farofa dentro da minha boca!

Olha, gente pesquisadora, só uma coisinha: é penteado e não pentiado. E é fralda e não frauda.

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September 1, 2005

Fê & Roux

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ele odeia ser carregado, mas eu não quero nem saber... foooooofooooooo!

[crique & amprie]

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da boca pra fora

Esse é um assunto recorrente, mas não pude deixar de rir quando li o Wagner comentando que toda vez que entra aqui, nota que meus escritos e fotos são sobre comida. Pra quem ainda não sabe, comida é um dos meus assuntos favoritos, logo depois de cinema, é claro! Mas eu falo muito mais do que cozinho ou como. Falar é mesmo o meu ponto fraco!

Eu tenho duas amigas com quem converso muito e sempre sobre comida. Trocamos receitas, dissecamos ingredientes. Uma delas é da área de ciência dos alimentos, então eu aprendo muito com ela. Outro dia nós passamos umas duas horas caminhando pelos corredores do Corti Brothers em Sacramento, olhando ingredientes e comentando sobre eles. No Corti Brothers tem tanta variedade de feijões e lentilhas, além das massas, das latarias, dos vinhos.... Oh, é bom demais! Outra coisa que eu amo é ler livros sobre comida, de receita ou de história. Nem uso muito os meus livros pra seguir receita passo-a-passo, mas eles são uma fonte inesgotável de inspiração. Minha fascinação por esse assunto fica bem clara quando você entra na minha cozinha e vê logo ali no canto a minha biblioteca culinária . Eu posso nem cozinhar muito bem, mas estou incrívelmente bem informada!

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na prateleira

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um mês

Primeiro dia de inferno astral, tomei decisões. Primeiro, fui finalmente em jejum de doze horas fazer o tal exame de sangue que meu médico pediu há mais de uma semana. Fico com o rosto quente com certos desaforos. Pra mim não custa nada eliminar coisas ou pessoas da minha vida. É um ato de auto-proteção e de preservação da minha paciência zen. Já tenho um terço da mala arrumada. Nem preciso dizer que tenho angustias pré-viagem. E essa é uma época difícil, com a colheita dos pistachos acontecendo na fazenda no sul da Califórnia, vejo pouquissimo o meu marido. Ele já avisou ontem pelo celular que volta na terça à noite. Viajamos na quarta. É sempre uma correria, um estresse. Os gatos não querem saber de nada, eles querem o rango i-me-di-a-ta-men-te, logo que você tira a bunda da cama e põe os pés no chão. Fui à ginecologista para o meu anual e fiquei completamente irritada com a variedade, ou melhor, não-variedade de revistas na sala de espera. Tudo que tinha lá era sobre mulheres grávidas ou crianças. Como não me encaixo no perfil da futura mãe ou da mãe descabelada e enlouquecida lidando com filhos pequenos, fiquei folheando as revistas com um tédio mortal e uma cara de ué. Todo mundo com medo do mosquito do vírus west nilo. Ontem no picnic um grupo grande ao nosso lado tinha muitas velas gigantes de citronela acesas. Nós lucramos!

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